terça-feira, 21 de fevereiro de 2006

E a astronomia pró galheiro, não é?

Cá por mim já sou pouco adepto de religiões, sejam lá elas quais forem. E continuo com a ideia de que a primeira religião nasce quando o primeiro esperto encontra o primeiro medroso (vidé António Gramsci - esta é só pra mostrar cóltura).E já sei que para o ano vou outra vez papar com o milagre de Fátima, porque se cumprem noventa anos do milagre de fátima, e porque o milagre de fátima isto, e porque o milagre de fátima aquilo. Imaginem só o que vai ser em 2017; quase o mesmo do que ganharmos o campeonato do mundo.
Sou ateu a cento e um por cento. E tenho orgulho nisso. É que se eu, sem ter provas de que qualquer deus não existe o assumo como não existente, há aqueles sem ter qualçquer prova de que existe assumem exactamente o contrário. Também lhes dou ainda um pontinho de benefício da dúvida: aquilo que para mim são não-provas para eles são provas absolutas; mas cuidadinho: são não-provas de existência; da mesma maneira as não provas de não-existência deveriam ser respeitadas apenas como tal e nunca para validar "milagres". E por aqui me fico quanto à parte filosófica da coisa.
Também não me venham para cá os "adeptos de trazer por casa" com a história de que "o meu Deus é à minha maneira e não como os padres mo descrevem". Paupérrimo argumento que nada argumenta. O meu vizinho é um gajo porreiro ou uma besta, independentemente de ser ou não "à minha maneira e como os outros vizinhos mo descrevem". E existe, e é meu vizinho por minha sorte ou meu azar, ou não existe.
Não propriamente da mesma maneira, mas dum modo ainda mais linear, a astronomia e as leis da física existem. E são imutáveis seja qual fôr a posição filosófica/religiosa de cada um. A cagadela do pássaro que vem por aí abaixo não se safa à mais elementar das leis da gravidade que Newton descobriu e muito menos à aceleração dos graves antevista por Galileu. E tanto atinge a cabeça dum tipo que partilhe as minhas ideias como a do mais abnegado rato-de-sacristia de qualquer dos hemisférios terrestres. Também da mesma maneira um corpo celeste não dança. Nem começa a dançar por obra e graça do divino (desculpem lá esta da obra e graça) e a rodopiar por aí ou para aqui e para ali. A sua simples deslocação relativamente ao sistema de que é centro, de modo a ser visível dum dos outros corpos do sistema seria um cataclismo de tal modo grave que poria em causa (ou terminaria com) a existência desse mesmo sistema enquanto tal.
Pergunto-me então por que é que a igreja católica continua apostada na "dança do sol" de Fátima, hoje em dia, princípios do séc. XXI, quando se sabe que tal é completamente impossível? Da mesma maneira (e sem desfazer nas crenças de algum professor de astrofísica) gostaria que me explicassem da (im)possibilidade de tal fenómeno.
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NOTA: que me desculpe o nosso Ministro dos Negócios Estrangeiros (letra grande que o respeitinho é muito bonito), mas não ofendi nenhuma crença religiosa, pois não?
Ah, quase me esquecia: Sr. Dr. Freitas, apesar de ateu não tenho culpa das Cruzadas, elas foram instituídas pela "tolerância" católica.

3 comentários:

Anónimo disse...

Estás a aprimorar o teu estilo sarcástico-comediante. Gosto de te ler, se bem que não concorde com muitas das coisas que referes. Mas também, eu não sou ateu.Dizes que António Gramsci refere que a primeira religião nasce quando o primeiro esperto encontra o primeiro medroso. O António lembrou-se de que o medroso também pode ser esperto e que o esperto também pode ser medroso? O que vocês ateus nunca entenderão é que nem todos os que seguem uma religião a seguem por medo. Alguns sentem o efeito de Deus ou de Buda como sentem os efeitos gravíticos. Mas, há "ateus" e ateus e "!religiosos" e religiosos.

Anónimo disse...

Encontrei o teu blog por acaso. Nunca o tinha visto.

Por acaso há dias escrevi um post com este nome: á sombra de uma azinheira.

Podes ler em

1001 maneiras de poupar

http://multimilionario.blogspot.com/

Anónimo disse...

Amigo Celtibérix, como auto-intitulado provedor deste Blog não posso deixar de lhe perguntar se já reparou que desde 21 de Fevereiro está a perguntar se a Astronomia deve ir ou não p'ró galheiro. Bom, eu por mim até podia ir, já que pouco tem contribuido para a evolução da espécie humana (e já agora: quem é que esse maledeto Galileu pensava que era? Hummm?). Bom, comece a pensar em algo de novo para substituir a astronomia, ou pelo menos, o galheiro. Lembre-se de que é devedor dos seus leitores nos quais, orgulhosamente, me incluo.
O Provedor: Eu!