sábado, 11 de setembro de 2004

Ahhh! Rouxinol

Estou com uma boa disposição maior que o castelo, a sério que estou. E a razão é bem simples: vi os "Ídolos" do princípio ao fim.

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Gosto de ver as betinhas; a mamã disse-lhe que cantava bem, embora no coro lá da paróquia o senhor padre ainda se vá conseguindo esquivar: "Sabe, D. Prantilhana, a sua filha tem boa voz, mas sabe como é, hâââ ...a carrinha da paróquia está sobrelotada e depois hâââ a rapariga não tem como ir às actuações, tá a ver? Mas lá por isso não deixe de vir aos domingos".

Então a betinha chega lá e : "Venho aqui porque a minha professora de canto diz que estou bastante avançada. E então é assim: vou cantar uma música da Madona mas a música é como eu canto, a Madona é que canta mal".

Pois, então é assim.

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Gosto de ver os queques; o cabelo bem besuntado de gel (ou banha, sabe-se lá; ou então aquilo está mesmo é cheio de sebum a precisar de sabão macaco): " A malta junta-se em casa da Bibi e eu acompanho o CD. E a minha Bitó gosta muito de me ouvir. Então é assim: vou cantar uma canção mas como não sei a letra faço lá lá lá, tá bem?".

Pois, então é assim.

Porra, se é assim deixxem-me ir ali que eu já volto.

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E chegam lá e levam nas trombas (não digo que levam nos cornos porque é feio, mas lá que levam... levam!)

Mas o que me dá vontade de rir, mas a sério que dá, é a maneira convencida daquela gente. Chegam ali quase que mendigando cinco minutos de glória, cinco minutos no écran, apenas cinco minutos e isso vale tudo pra eles. A noção do ridículo desaparece completamente. Gajos que nem pra ganir serviam atiram-se ao júri quando levam a ripada. Tipas que nem vem voz têm pra apregoar carapau de gato, debitam que o professor de canto blá blá o professor de canto blé blé, mal o júri lhes diz que nicles.

E eu gosto, pois então. Cá o pavaroti de chuveiro adora ver aquele pagode levar nas trombas. Mas (e digo-o com sinceridade) estou de acordo. Corram com essa cambada toda.

Já agora: não corram ainda, ponham primeiro o ministro do mar a cantar o "Born to be alive".

3 comentários:

Anónimo disse...

Idolos com pés de barro...

J.M.

Anónimo disse...

Há uma outra questão que me faz pensar quando vejo os Ídolos. Será que uma televisão, que ainda por cima é privada e procura o lucro, deve aproveitar-se das fraquezas dos outros. Será que uma televisão tem o direito de expor ao ridículo uma série de jovens que lutam pela concretização dos seus sonhos? Eles até podem cantar mal mas ninguém tem o direito de lhes desfazer todos os sonhos em 5 minutos.

Anónimo disse...

Talvez o meu "post" seja um pouco exagerado, mas o que a turba quer é sangue: se virem um pobre estendido na rua com 544 facadas donde já jorraram 27 litros de sangue, a primeira coisa que fazem é carregar a bateria da máquina de vídeo, pra filmar, e depois logo se chama o 112 porque o telélé, primeiro que tudo, é pra ter o novo polifónico dos morangos com açucar e a seguir pra mandar mensagens de caracácá. Ora os "Ídolos", os "Fear Factor", "Big Brother"s e quejandos são a prova provadinha do que digo, de que o que o pagode (o "people", na própria linguagem daqueles a que me refiro)apenas quer a glória dum momento, tudo sacrificando.
Será que correm mesmo atrás dum sonho, ou daquilo que lhes injectaram dia a dia, noite a noite, isto é: o imediatismo? O sentido crítico onde é que anda? Também já foi pelo tubo digestivo abaixo juntamente com um punhado de batatas fritas e um hamburguer?
Há por acaso ali algum(a) candidato(a) que esteja a expôr-se apenas para saber até onde consegue ir? Não me parece que algum vá ali apenas para testar e tentar ultrapassar os seus próprios limites, caso assim fosse o programa perderia audiência, porque saíam de lá conformados, não havia luta com o júri, não havia sangue!
Bolas, eu gostaria muito de ser um pavaroti, mas não passo duma cana rachada; mas sei-o! E sabê-lo impede-me de embarcar em tais eesquemas.
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Um abração e obrigado pelo comentário, façamos da sombra da azinheira a tal tertúlia
:)