quarta-feira, 15 de setembro de 2004

Visconde, regressa que estás perdoado.

Não sei por que peço desculpa, mas mesmo assim: Desculpem, mas o Polis arrasou sítos da cidade que mereciam uma solução bem diferente.

Sim, já sei que me vão cair em cima e por aí abaixo, mas não retiro nem uma vírgula, e repito: o Polis arrasou (ARRASOU) sítios da cidade que mereciam e podiam ter tido solução bem diferente. Sei perfeitamente, e digo-o bem alto a toda a gente, que a zona da ermida de Santo André está impecável. O parque da cidade promete, fazia falta. Mas a coberto disso quanta barbaridade. Bar-ba-ri-da-de!!!

Sou alentejano, e como tal intitulo-me, e a todos os meus conterrâneos, de afilhado do sol e irmão da planície (desculpem o bocadinho de poesia...), pelo que me sinto mal quando não vejo um bocadinho de horizonte. Não posso deixar de reconhecer que passo na Miguel Fernandes e olho em volta e nada me tolda a visão. Pudera, uma área completamente aberta onde me chego a sentir perdido, não fosse a marrecada "futurista" ali posta; e quem não gostar é porque está contra o progresso e a renovação de Beja, que essa coisa de descaracterização da avenida é boca de reaccionários a soldo de interesses retrógrados, felizmente perfeitamente identificados. Não me venham dizer que o que ali está é bem feito, o pior cego não é o que não vê, é o que não quer ver. O parque de estacionamento fazia falta? Fazia.,pois então. Mas talvez se anteriormente se tivesse procurado soluções alternativas a coisa não chegasse ao ponto a que chegou. Não duvido que a Câmara quer solucionar o(s) problema(s) de estacionamento, mas talvez a solução passe por algo mais do que o condicionamento (pagamento). Cada vez mais a cidade se expande mas cada vez mais as instituições (bancos, repartições públicas) investem "dentro das muralhas", com o consequente afluxo de viaturas. Não terão os nossos edis uma palavra a dizer-lhes sobre isso?
O tão célebre assassinato do jardim de bacalhau é isso mesmo: um assassinato. Vamos deixar as árvores crescer? Vamos! Os velhotes depois continuarão a vir para ali como há décadas! SIM! Mas só posso chegar à conclusão de que quem riscou o projecto no papel não é daqui, nada percebe duma cidade onde o calor passa os quarenta e muitos, ou então o Barnabé também tem um lobby com os gajos das águas carasona, é que até a bica dali tiraram. A Câmara vai pagar subsídio de gasosa aos velhotes?
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Pedra a pedra, tijolo a tijolo, vamos perdendo o que nos resta. É que Beja também já teve uma capela como a de Santa Maria Madalena de Ferreira do Alentejo, é que o Convento da Conceição (actual Museu Regional) cobria uma área muito maior, as portas de Aljustrel, Mértola, Évora e Avis foram mutiladas de forma assassina na segunda metade do séc. XIX., e nem falo do palácio dos Duques de Beja. Tudo em nome do progresso e crescimento urbano. Pela mão do sr. visconde de Ribeira Brava...
Desculpem o desabafo, mas tinha mesmo de fazer a minha catarse. Só que ainda há tanto pra dizer....


2 comentários:

Anónimo disse...

Bem ... a minha opinião está "escarrapachada" no meu blog. Dei-me ao trabalho de ir buscar imagens dos locais intervencionados pelo Polis. Fotografias do antes e do depois das obras e, regra geral, acho que a cidade ficou mais bonita. As fotos comprovam-no. Não quero com isto dizer que goste de tudo, mas de um ponto de vista global considero que o Polis foi bem sucedido em Beja. Cordiais saudações democráticas Sombra!

Anónimo disse...

Obrigado pela visita e pelo "post". Embora não estejamos totalmente de acordo, nada como falar aberta e francamente. E isso é de alentejanos.
Um abraço e vamos continuar a fazer da "esfera" o grande ponto de troca de ideias.