segunda-feira, 24 de abril de 2006

SEMPRE!


Lembro-me que o dia 25 de Abril de 1974 foi quinta-feira. Um daqueles dias chatos, embrulhados e frios, com um ventinho ainda mais chato. Eu tinha a mania (e a possibilidade) de ficar a ouvir rádio pela noite dentro, a ler na cama, com os auscultadores (nem auriculares tinham o direito de ser, e só se começaram a chamar "fones" com o advento das telenovelas), mas logo por azar nessa madrugada nem levei o rádio para a cama. Também tinha ideia de como se vivia: os catorze anos já tinham ouvido muita conversa, coisas que "só se fala aqui em casa, isto não se pode dizer lá fora" e dois tios que tinham passado um pela Guiné, outro por Moçambique, numa guerra porque aquilo é nosso que nós é que fomos pra lá desenvolver. Queria ver se os russos ou os cubanos tivessem vindo para cá "desenvolver", o que diriam os mesmos nessa ocasião...
A chegada ao Liceu pelas oito e trinta, a malta comentando que "esta merda tá preta, pá, aquilo lá pra Lisboa tá mal" e que "mas ali na pide não se nota nada!", a PIDE que ficava na Avenida Vasco da Gama, por trás (ao lado) do Liceu.
Lembro a cara de medo de alguns professores, arrependidos do dia 24, e a de outros, esperançados no 26.
E vejo uma geração que nasceu depois do vinte-cinco, que hoje tem direito (felizmente) a cartão jovem, inter-rail, programa erasmus e internet, pode entrar no cinema pra ver filmes de classificação superior em três anos à sua idade, e que nós, mesmo com idade suficiente, só os apanhávamos cá um ano ou mais depois de terem sido produzidos, geração essa onde (infelizmente) há indivíduos que impunemente fazem a saudação nazi, clamam por colónias que (como qualquer colónia) nunca foram de mais ninguém a não ser de quem lá nasceu, amestrados para isso por pais que, se se voltasse a uma guerra colonial, punham os nazizecos "lá fora" num exílio dourado.
Mais que não fosse, só pela possibilidade de não ter que ir pra uma guerra que não era minha, andar aos tiros contra quem tinha ( e tem ) ainda menos que eu, habilitando-me a uma condecoração póstuma imposta por um fulano cujo filho atleta de alta competição era "inapto" para a guerra do papá, tendo eu levado um balázio no seu lugar, mais que não fosse, só por isso já valeu a pena o vinte-cinco.
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Prometo que, independentemente da data, vou aqui voltar ao assunto, porque 25 de Abril SEMPRE!

1 comentário:

Anónimo disse...

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