domingo, 5 de novembro de 2006

À laia de manifesto



Uma das coisas da vida a que acho piada, sem ter qualquer tipo de piada, é a facilidade com que tanto eu como qualquer dos meus amigos nos atiramos um "temos de juntar para aí o pessoal um dia destes para beber um copo e saber o que é feito uns dos outros" de cada vez que nos cruzamos - sempre à pressa ; ou seja, todos sabem mais ou menos por onde anda cada um, mas quanto a pararmos um bocadinho para o "tal copo" é que não há tempo. Aconteceu isso mesmo hoje, quando andava pelas compras num dos hipermercados de Beja (se queremos encontrar o pessoal conhecido é do melhor que há).
Encontrei o Zé C., o meu baterista de há uns quinze ou dezasseis anos, no Arte&Factos.
-Eh pá! Vê lá se actualizas o blog - foi o cumprimento à queima-roupa, com o mesmo riso de sempre estampado, exactamente no mesmo tom em que me dizia na sala de ensaios que a "malha" que eu fazia no baixo estava a ir bem com a batida do bombo.
E o que aconteceu é que desde as dez da manhã até agora que me decidi a sentar e escrever (são 10.22 da noite) não me tem saído da cabeça a imagem da sala de ensaios, da facilidade com que naquele grupo nascia uma música, do pessoal todo aos gritos (como em qualquer banda que se preze) para, afinal, dizer a mesma coisa mas que o outro pensava que não era bem assim, e este até tinha uma ideia um bocadinho diferente mas também era a mesma coisa, e etc. e tal.
O Zé Condeça na bateria, Fernando Pardal na viola e voz, Dadinho no cavaquinho, flauta, viola, bandolim, teclas e só não na harpa porque não a tínhamos, o Fernando "Francês"(saudoso Fernando Galhoz) na viola solo, e eu na viola baixo. Também o Tói Santos e o Tói Campos por lá passaram, um pouco mais tarde.
Mas não foi para escrever a história do Arte&Factos que me sentei aqui. É que de cada vez que encontro o Zé não consigo evitar lembrar-me da facilidade e rapidez com que se faziam músicas naquele grupo, que durou uns dois anos, acabando por consenso geral numa grande lancharada num sábado à tarde, depois de um último ensaio de despedida das "lides".
Apenas me sentei aqui para reafirmar que, se a vida se repetisse, insistiria em fazer tudo exactamente da mesma maneira, ter os mesmos amigos, tocar as mesmas músicas, desafinar nas mesmas notas.
Talvez não deixasse era passar tanto tempo sem irmos todos beber o tal copo.

3 comentários:

Anónimo disse...

Pois, estamos a ficar velhos! Mas será que os "moços" de hoje em dia poderão ter as mesmas memórias que a gente? Duvido! Saberão apenas daqui a vinte anos que jogos tiveram na sua playstation....

Anónimo disse...

acontece a todos. bom blogue este. vou linkar.

Anónimo disse...

ah.. assim está bem. Gosto de te ler tal como sempre gostei de te ouvir falar, sobre tudo. transmitias serenidade; até na música, tratavas bem a guitarra e eu limitava-me a ir atrás.
Tens uma filha linda.
Um abraço.
Z. C.